Todos os textos dessa retrospectiva de 2023 começam da mesma forma, falando do quanto meu ano foi atípico depois da morte da minha mãe. Mas, ao contrário do que ocorreu com os filmes, eu tive vários meses do ano em que tudo que eu conseguia consumir eram séries. Depois, veio uma baixa e não consegui assistir a mais nada. Acabei o ano com a marca de 532 episódios assistidos, o que é bastante coisa (mas abaixo da marca que sempre me coloco, de dois episódios por dia).
A diferença para anos anteriores é que eu me afundei em séries leves e divertidinhas, que podiam distrair minha cabeça quando eu estava mal. Por isso, a lista de melhores do ano será completamente diferente de tudo que já publiquei até agora, sem nenhuma série de drama e com muitos desenhos. Como consequência, também não assisti a nenhuma série do momento, então não espere nada muito sério a partir de agora.
Enfim, vamos aos melhores episódios que assisti em 2023.
Abbott Elementary – Pilot (s1e01)
Uma das minhas mais gratas surpresas desse ano foi Abbott Elementary. A fama que a série vinha ganhando me chamou atenção, sendo uma das poucas séries de tv aberta a concorrer ao Emmy, então decidi assistir ao piloto. Coloquei ele aqui como um dos melhores do ano porque, na verdade, minha vontade era colocar a série inteira como uma das coisas mais legais que vi.
Gosto muito de séries no estilo falso documentário, então já foi fácil me apegar. Mas o ambiente escolar, as dificuldades e as paixões dos professores para garantir uma educação de qualidade na escola pública são maravilhosos. A comédia é sutil e muito bem executada, com pontos de emoção aqui e ali para mostrar a dedicação desses profissionais e o quanto eles estão lutando para mudar a vida daquelas crianças. As duas temporadas que foram produzidas até agora são uma delicinha de assistir!
Human Resources – It’s almost over (s1e09)
Não é segredo para ninguém que gosto demais de Big Mouth, um desenho que fala sobre sexualidade de um jeito desbocado, porém honesto, e até meio surrealista. Mas quando anunciaram Human Resources, série derivada que mostraria o dia a dia dos monstros que aparecem na série, eu fiquei com um pé atrás e demorei para ver. Quando vi, porém, foi uma grata surpresa, expandindo aquele universo de uma forma bem criativa.
Mas um episódio me pegou de jeito por um motivo bem especial. Cerca de dez dias depois da morte da minha mãe, dei play em It’s almost over e não estava preparado para chorar tanto quanto chorei. Ele conta a história de um filho que acaba de perder a mãe e precisa lidar com isso. A solução da série é genial, na figura de um monstro do luto – que é personificado em um felpudo e confortável casaco de lã. É um episódio lindo, sensível, que veio no momento certo para o que eu estava passando naquele momento.
Pokémon – O arco-íris e o mestre pokémon! (e1237)
O fim da jornada do Ash não podia ficar de fora dessa lista. É uma escolha puramente por paixão, não tem jeito. Acompanho Pokémon desde 1999 nas mais diversas mídias, mas o anime sempre esteve mais presente na minha vida do que os jogos ou os filmes, por exemplo. Tenho um carinho enorme pelo menino de Pallet e fiquei muito feliz quando ele ganhou a liga de Alola e, posteriormente, o campeonato mundial. E ver a despedida, do jeito que aconteceu, foi lindo.
Os episódios finais não tiveram esse sentimento de despedida. Mas mostraram a essência do Ash que acompanhamos por quase 25 anos, um personagem que sabe entender os sentimentos dos monstrinhos e se sacrifica para ajudá-los. Um moleque ainda, mas de coração enorme. Alguém que sempre vai vir com as soluções mais miraculosas para sair de uma situação difícil. O eterno perdedor, que se vê sem rumo quando, enfim, atinge o topo.
“Eu quero ser amigo de todos os pokémon do mundo. Deve ser isso que significa ser um mestre”, ele diz nesse episódio final. Nada poderia ser mais a cara do Ash do que chegar a essa conclusão. Sempre foi debatido que “ser um mestre pokémon” não era algo estabelecido, que cada um tinha seu conceito. O Ash descobrir que não é um título que fará dele o maior de todos, mas sim a conexão dele com os monstrinhos é lindo demais. É uma jornada com final aberto e o arco-íris que aparece no final é o encerramento perfeito do ciclo. Afinal, ainda há muitos novos amigos a serem feitos pelo mundo.
Scott Pilgrim takes off – Scott Pilgim’s precious little life (s1e01)
Todo mundo foi pego de surpresa quando anunciaram um anime de Scott Pilgrim, com os mesmos atores do filme dublando os personagens. Gosto muito dos quadrinhos, gosto muito do filme e já foi pro desenho esperando mais uma adaptação de uma obra que sou fã. O que fizeram aqui, porém, conseguiu subverter todas as minhas expectativas. Eles fizeram uma história nova, que dá muito mais profundidade para aquela que já conhecíamos.
Coloquei o episódio piloto como um dos melhores do ano porque é nele que tudo é subvertido. Começa como uma adaptação super fiel da obra original, mas, quando o Scott vai enfrentar o primeiro ex-namorado do mal, ele morre. Sim, ele morre. A partir desse ponto, começa uma jornada inédita da Ramona enfrentando os ex-namorados. Mas isso não é feito com lutas, mas sim enfrentando o passado dela com cada um e mostrando que ela também foi filha da puta em muitos momentos e que precisa lidar com isso.
Todo mundo mostra seu lado sujo e os personagens secundários são muito mais aprofundados, dando mais camadas pra obra. Vi muita gente que torceu o nariz para isso, que queria algo mais literal dos quadrinhos. Vamos combinar, para isso a gente já tem os próprios quadrinhos e o filme. Essa nova visão deu uma refrescada na história e me deixou muito feliz com o Bryan Lee O’Malley.
Menção honrosa – Malcolm in the middle
A menção honrosa vai para a grande maratona que fiz esse ano. Sempre tive curiosidade para assistir a Malcolm in the middle por um motivo muito simples: a presença do Bryan Cranston. Antes de viver o Walter White em Breaking Bad, ele era conhecido por ser um ator de comédia, com destaque para os sete anos que passou na pele do pai do Malcolm. No final, acabei sugado por essa loucura de série.
Não há uma pessoa boa em Malcolm in the middle. É uma família completamente disfuncional, mas que funciona da sua maneira. Os meninos são uns capetas e não melhoraram o comportamento com o passar dos anos. Os pais são completamente dodóis da cabeça. cada episódio é uma forma diferente deles se fodendo. E a série é uma excelente pedida para quando você quer dar uma relaxada e uma risadinhas descompromissadas.
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Seriados assistidos em 2023
Abbott Elementary, Barry, Black mirror, Big Mouth, Cidade invisível, Daisy Jones and the Six, De volta aos 15, Good Omens, Heartstopper, High School Musical: the musical: the series, How I met your father, Human Resources, Invincible, Malcolm in the middle, Monsters at work, Os normais, O rei da tv, Pokémon: Horizontes, Pokémon concierge, Scott Pilgrim take off, Sex education, Sintonia, Soltos em Salvador, The Boys, The flight attendant, Young Sheldon
Promessas para 2024
- Finalmente terminar The Sopranos e Mad Men;
- Maratonar The Wire e Six Feet Under;
- Eliminar todas as séries com episódios pendentes na minha lista.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.