Dois jogos.
É apenas isso que nos separa do título mais importante da história do Galo. Do meu Galo. Do Galo de vocês. Do Galo de uma Massa de apaixonados. Nunca estivemos tão perto. Nunca uma quarta-feira demorou tanto para chegar. Posso sentir o caneco em minhas mãos. Se eu fechar os olhos, posso ver nosso capitão levantando a taça. Posso sentir o gosto do beijo no metal. Estamos cheios de sonhos, acumulados por anos. Acreditamos e vamos fazer nossa parte nas arquibancadas e nas ruas. Então só peço uma coisa a vocês: JOGUEM.
Joguem por nós. Joguem pela camisa 12, imortalizada em prol de uma torcida que os apoia incondicionalmente. Joguem pelas lágrima derramada nas eliminações traumáticas. Joguem pelas vezes que tivemos que torcer contra o vento. Joguem pela criança que nunca viu um título importante, mas ainda assim ama o time. Joguem por aqueles que vão aos jogos e trabalham roucos no dia seguinte. Joguem pelas unhas roídas, pelas orações feitas, pelos gols gritados pela janela, pelos pênaltis defendidos com os olhos da arquibancada.
Joguem pelos craques do passado. Joguem por Reinaldo, Dadá, Carlyle, Marques, Guará, Cerezo, Mário de Castro, Velloso, Zezé Procópio, Nelinho, Kafunga, Guilherme, João Leite e tantos outros que merecem ser citados. Joguem por aqueles que nos deram alegrias e títulos. Joguem pelos que passaram em branco, mas que têm seu nome registrado na nossa história. Joguem pela camisa suada, pelas cabeça sangrando depois de divididas heroicas, pelos jogadores expulsos injustamente, pelas contusões inesperadas, pelas vezes em que a bola bateu na trave e não entrou.
Joguem, sobretudo, por aqueles meninos que se reuniram no Parque Municipal. Joguem pela esperança que eles carregaram. Joguem por tudo que eles construíram com muito trabalho. Joguem pelos gols feitos no campinho de terra. Joguem pela torcida, que desde o início era única. Joguem por essa camisa preto e branca que é nossa primeira pele. Joguem por esse escudo e por tudo que ele representa.
Joguem pelos funcionários do time. Joguem pelas pessoas que ajudam a construir aquilo que é o Galo. Joguem pelos garotos da base, que um dia sonham em ser como vocês. Joguem pela comissão técnica, que acreditou no futebol desacreditado de muitos. Joguem pelo pessoal da limpeza, da cozinha, do departamento médico. Joguem por aqueles que acreditam diariamente em vocês.
Joguem por vocês. Joguem para eternizar seus nomes em uma história centenária. Joguem por amor a essa camisa preto e branca. Joguem pela glória. Joguem por suas famílias, esposas e filhos. Joguem pela gratidão eterna de uma torcida que sabe a escalação de cor. Joguem pelo orgulho de poder dizer que já ganharam uma Libertadores. Joguem para dizer que são sim os melhores jogadores das Américas. Joguem para dizer que são o melhor time das Américas. Joguem por suas próprias motivações, pelo grupo, pelas oportunidades futuras.
JOGUEM.
Disseram que era impossível chegarmos tão longe. Disseram que não passaríamos da fase de grupos. Disseram que o São Paulo nos destruiria. Disseram que a grama sintética acabaria com nossos planos. Disseram que não aguentaríamos o campeão argentino. Disseram que o treinador é azarado. Disseram que o time era apenas um cavalo paraguaio. Disseram muita coisa e, ainda assim, vocês seguiram em frente. Faltam só dois jogos. Joguem a partida mais importante de suas vidas. Joguem com raça e amor. Lutem, lutem, lutem.
E vençam, pois esse é o nosso ideal.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.