Leia também as partes I e II

Nas areias de Abu Dhabi

O treino de classificação só deixou tudo ainda mais embolado. Sebastian Vettel conseguiu a 10ª pole em 19 GPs e, se terminasse nessa posição, precisaria que Alonso chegasse ao menos em 5º. O espanhol, porém, largaria em 3º. Mark Webber parecia abatido na disputa, com apenas uma 5ª posição no grid de largada. No meio da briga direta entre RBRs e Ferraris, as McLarens estavam prontas para estragar a festa. Hamilton em 2º e Button em 4º eram a prova disso.

Logo na largada, a vida de Alonso, que parecia ser a mais fácil, começou a ir por água abaixo. Ultrapassado por Button, o espanhol se viu a apenas uma posição de perder o título e com Mark Webber logo na cola. Esse foi o primeiro ponto onde ele perdeu o título. O segundo viria poucas curvas depois.

Rosberg e Schumacher brigavam por posição na primeira curva quando se tocaram. Schumi rodou e ficou de frente para os outros carros, sendo atropelado por Liuzzi. Safety Car na pista e Rosberg e Petrov entraram nos boxes para fazer aquela que seria a sua única troca de pneus em toda a corrida.

Com a saída do Safety Car, tudo parecia estar encaminhado para uma vitória do Alonso, mas voltou do pit stop imediatamente atrás dos dois carros que já haviam parado. Se fossemos colocar em ordem, Alonso seria 6º, Webber 7º e Sebastian Vettel se sagraria campeão mundial. O que aconteceu foi muito melhor para Vettel do que ele imaginava. Com o passar da corrida, Alonso não conseguia ultrapassar o carro da Renault (graças ao bom desempenho do carro francês e à falta de pontos de ultrapassagem na pista) e via Kubica, que estava em terceiro e não havia parado, abrindo uma vantagem cada vez maior. Com o pit stop, o polonês voltou à frente de Alonso e enterrou de vez qualquer sonho de um tricampeonato.

Bastou Vettel trazer a criança para casa e comemorar, porque ele era o campeão da temporada 2010 da F1. E com todos os méritos possíveis.

A vitória da RBR

Para quem não sabe, RBR significa Red Bull Racing e é propriedade da Red Bull desde 2006, quando a indústria de bebidas comprou a então escuderia Jaguar. Depois de um ano em que o foco da discussão foi o jogo de equipe, quem se saiu muito bem foi a RBR. A vitória da escuderia é um tapa na cara da Ferrari e mostra para todo mundo que é possível sim vencer um campeonato sem interferência direta nos resultados das provas.

Mais uma vez: não condeno o jogo de equipe. Mas uma coisa que preciso destacar é que por trás da RBR existe uma empresa que preza pela competitividade, o espírito esportivo e a superação. E a Red Bull tem trabalhado bem o posicionamento de marca nesse sentido.

A situação do campeonato não permitiu descobrir se a RBR realizaria ou não o jogo de equipe, uma vez que o Vettel ficou bem longe do Webber no GP de Abu Dhabi. Porém a não inversão de posições no GP do Brasil, quando Webber claramente estaria na briga pelo campeonato, mostrou que a escuderia estava pensando na idoneidade da marca. E conseguiram provar isso no final, mesmo que desde o início todo mundo sabia que o Vettel era o queridinho. Deu tudo certo, afinal. Um título de pilotos e o título de construtores.