I will find my way
I can go the distance
I’ll be there someday
If I can be strong

Go the distance – Hercules

Quando começo a produzir os textos de retrospectivas para este blog, deixo a redenção para o final. A tradição é a de vomitar o texto do exorcismo e, logo em seguida, escrever algo mais otimista. É minha forma de eliminar os sentimentos ruins e começar o ano bem. Desta vez, porém, decidi fazer algo diferente.

A redenção será escrita primeiro porque, apesar do caos que nos cerca, sinto que este foi um dos meus melhores anos na década de 2010. No lado profissional, tudo está caminhando bem. Também consegui ficar próximo aos meus amigos e à minha família. Saí bastante, conheci pessoas novas e me entreguei em tudo que fiz. E até mesmo no lado amoroso há pontos positivos – quem diria, não é mesmo?

O resultado mais visível de que as coisas estão indo bem é que as sessões de terapia diminuíram de intensidade. Isso não quer dizer que os problemas desapareceram, mas que agora sei lidar melhor com eles. A síndrome do impostor ainda está presente, por exemplo, mas agora sei que não sou de todo incapaz de fazer as coisas. Aprendi a identificar o início de uma crise de ansiedade e a controlá-la. Me permiti fazer as coisas de um jeito mais irracional e me deixar levar. Sou uma pessoa diferente de quando comecei e isso foi uma das melhores coisas de 2019.

Mas o grande sentimento é que estou prestes a encerrar alguns ciclos e começar outros. Não são grandes mudanças externas, mas viradas de chave internas que finalmente estou pronto para fazer. Coisas que sempre quis e agora, por diversos fatores, vejo que estão mais próximas de se concretizarem. E o maior símbolo disso é a minha pilha de livros não lidos.

Quem me conhece sabe que essa é minha meta há um bom tempo e, ano após ano, venho falhando em realizá-la. Apesar de ter lido bem menos em 2019, chego a dezembro com apenas 18 livros na estante. Isso representa menos de 3% de todos que tenho, a menor marca da minha história pessoal. Colocando em perspectiva, devo conseguir terminar de ler tudo até meu aniversário, em julho. Isso é uma baita vitória e que vai virar uma dessas chaves internas. E são várias que vejo pela frente e que serão importantes para encerrar alguns assuntos na minha cabeça.

A viagem que fiz para Cuba também me fez colocar muita coisa em perspectiva e entender melhor o que quero para meu futuro. Não sou uma pessoa de muitos planos, mas agora tenho com mais clareza onde quero chegar. Para 2020, a proposta é dar os primeiros passos nessa direção, mas sem pressa. Será um passo de cada vez, de acordo com minhas possibilidades e vontades. A única meta é chegar a 2021 mais próximo da minha melhor versão.

Para isso, vou precisar produzir mais para mim mesmo. Tenho que resgatar uma motivação que há algum tempo não existe mais e que, enfim, sinto renascer. Um sentimento que tenho cozinhado dentro de mim há bastante tempo. As primeiras fagulhas estão na minha crônica de aniversário e, agora, sinto que estou pronto para começar. A cabeça está fervilhando de ideias e se pelos menos duas delas forem para frente como planejo, será um baita 2020.

Será o ano de mais um sobrinho chegando ao mundo, de uma possível mudança e de produções intensas. De viagens planejadas e alguns bate e voltas. De um desafio profissional enorme e de mudanças internas. O primeiro ano na casa dos 30 e o que vai ajudar a definir como será o futuro.

Ou seja, termino 2019 otimista com o que pode vir. Apesar do cenário político, das oscilações e do desgraçamento mental nosso de cada dia, sei que há muito a ser feito. Não é um discurso meritocrático, juro. Mas meu cérebro está me dizendo que dá sim. E estou disposto a tentar o que for preciso para conseguir.

*Como no exorcismo, não vou revisar ou editar este texto. O objetivo é ser um desabafo, não uma aula de literatura ou gramatical.