Fiz textos legais para o post 100 e para o 200, então não podia deixar passar em branco o 300. É uma marca legal para um blog pequeno e gosto de comemorar essas coisas. Só não sabia ainda sobre o que escrever. Foi quando o Rob postou um texto sensacional no blog dele e me deu a deixa perfeita para, enfim, responder a uma pergunta que tem rodado na minha cabeça nesses últimos meses: Por que escrevo?

Só comecei a escrever para valer no ensino médio. Queria ter uma história bonita para contar sobre isso, mas na verdade tudo começou como um desafio. Um dia, voltando para casa de ônibus, eu e mais dois amigos (um deles é o Rafael, que escreve as Crônicas de Lugar Nenhum) começamos a conversar sobre crônicas, contos e sobre a escrita em si. A gente já rascunhava algumas coisas, mas nada a sério. Então, naquela escrotidão que só rola entre amigos muito próximos, cada um pegou a pior zuação envolvendo o coleguinha e o desafiou a escrever um texto sobre ela. Coube a mim escrever sobre um frango.

“Escrevo”, disse. Cheguei em casa e rascunhei aquele que considero meu primeiro texto: “Reflexões de um frango“. Li para eles uma semana depois e eles curtiram. Depois escrevi outro texto, um pouco mais sério, e mostrei para uma excelente professora de redação que tive. Ela leu e me devolveu com anotações, dicas e um comentário que me deixou muito feliz: “Me lembrou muito o estilo de Nelson Rodrigues. Mais suavizado, lógico, mas um ótimo conto”.

Histórias e mais histórias depois, decidi que escrever ia ser meu hobby. Ainda mais com uma carreira na área das exatas encaminhada. Ledo engano… veio o vestibular e descobri que minha paixão por contar histórias era grande demais e decidi ser pobre fazer jornalismo. A escrita, então, passou a ser parte da minha vida. Passou a ser aquilo que faço para ganhar dinheiro e, mais importante, aquilo que faço por amor. Comecei a estudar sobre, observar meus próprios textos e analisá-los mais profundamente. Dedicar um tempo para a estrutura narrativa, subvertê-la, brincar com o leitor. Brincar comigo mesmo e com o que eu posso fazer. Ir além. Ou pelo menos tentar.

Que ninguém saiba, mas faço tudo isso porque gosto de deixar a história mais interessante para vocês. Sim, escrevo para vocês. Para os poucos leitores que esse blog tem, mas que sempre vêm aqui. Gosto de contar histórias. Gosto de manipular as palavras para causar uma sensação específica em vocês. Gosto quando vocês me falam que riram em determinado texto. Ou que se emocionaram. Ou que tiveram vontade de me bater. Gosto de pensar que, mesmo que seja só um pouquinho, modifiquei o dia de vocês.

Pediram para não dizer isso, mas saibam que também escrevo para mim. Não me levem a mal. Escrever é uma das atividades mais solitárias de todas. É você com você mesmo, travando uma batalha a cada palavra, a cada vírgula, a cada frase e parágrafo. É quando você passa a se conhecer mais. E é difícil pra porra. Sim, disse um palavrão e até isso tem que ser bem pensado, para não soar gratuito. É algo que precisa de cuidado, de revisão, de estudo, de habilidade. Escrevo para sair do marasmo que está a minha vida. Para superar a minha apatia atual com as coisas. Escrevo para eliminar os demônios que ficam na minha cabeça e não me deixam dormir. Escrevo para me libertar.

Para contrariar a maioria das pessoas nas redes sociais, não costumo escrever sobre aquilo que é “relevante” no momento. A gente já tem nossa dose de realidade e opinião todos os dias, vinda de todos os lados, e minha função é te levar para longe disso. Te fazer, nem que seja por alguns minutos, acreditar em uma história de amor impossível. Em mistérios de beira da estrada. Que a amizade é sim, importante. Ou simplesmente te fazer rir.

Sair da realidade. Entreter. Emocionar. Cada texto é um desabafo de uma história que gritou para ser escrita. Escrevo porque ela pediu para ser contada. Não porque alguém disse que era o assunto do momento, mas porque ela me disse, aqui no pé do ouvido: “Me deixa sair”. E eu deixo.  

*Sugiro ler o último parágrafo do texto do Rob e voltar a este texto.