Acha que ser frango é fácil? Além de todas as obrigações galináceas, é preciso estudar muito. E antes fosse só a aula de “Como ser um galo de sucesso”. Essa é fácil. O problema é quando resolvem que preciso aprender “História Franga do Brasil”.

Ninguém tem ideia do quanto fomos injustiçados na história desse país. Podíamos ser deuses! DEUSES. Só não somos por causa do departamento de marketing ineficiente daqueles portugueses filhos de uma puta. Fizeram a abordagem errada e quem se fudeu foi a gente.

Já leram a carta do Caminha?

“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados.”

 
Os índios tinham medo dos frangos. ME-DO. Não tinham medo de papagaios, de carneiros, de portugueses.Tinham medo de frangos. A gente tinha tudo pra virar um Deus indígena, desses que vêm do nada e salvam a população, sabe? Ia ter Tupã, Jaci, Anhangá e o deus-frango. Como meu conhecimento de línguas indígenas é igual ao meu de russo arcaico, vamos chamar o suposto Deus de Ituaiuã.

Com o planejamento certo, os portugueses poderiam inserir Ituaiuã na brincadeira e dominar essa terra sem precisar dizimar a população, fazer escambo por espelhinho, jornadas jesuítas, nem nada. Era só usar o argumento religioso certo.

Mas não. Os burros dos portugueses resolveram ir pelo caminho mais difícil. Extinguiram os índios e acabaram com o Ituaiuã antes mesmo dele ser criado. Aí me lembro das vacas lá na Índia e penso no que a nossa vida podia ter se tornado.

Imagina não ter que viver dentro desse galinheiro? Poder passear nas ruas sem uma grade pra impedir a gente de ir e vir. E poder me orgulhar e ter a consciência que o frango tem o seu lugar. Ou algo assim, sei lá.

Seria o fim dos frangos assados de domingo, das galinhadas, do frango com quiabo. A gente ia ser sagrado. Ouviu? Sagrado, santo, uma divindade foderosa. As pessoas iam me convidar para entrar na casa delas e comer o que de melhor elas tivesses. Era o fim do maldito milho! Eu teria fama e sucesso!

As vacas que são sortudas. Não bastasse o planejamento errado de marketing, os portugueses ainda trataram de fuder com nossa imagem. Ou você acha que algum frango se esqueceu de quando trouxeram aquele gordo do Dom João VI pra cá e ele ficava balançando uma coxa de galinha frita pra todos os lados?