Nome: Marcela Dias Duarte
Idade: 36 anos
Aparência: Cerca de 1,60 m de altura; pele clara; cabelos escuros e lisos até a cintura; olhos castanhos; nariz fino. Possui um olhar severo quando anda pelas ruas. Tem tatuagem de uma cruz no punho direito.
Profissão: Comerciante – Dona de uma loja de tecidos na rua Itajubá, bairro Floresta, Belo Horizonte.
Domicílio: Rua Santa Maria, bairro Floresta, Belo Horizonte
Horários: Abre a loja todos os dias às 8h e fecha às 18h. Permanece durante todo o tempo na loja, exceto no horário de almoço (entre 13h e 14h), quando vai a restaurante próximo. Volta para casa entre 18h e 18h30. Costuma sair à noite pelo menos duas vezes na semana, sem dia e horário fixos. Não há registros do destino. Permanece em casa nos finais de semana.
Informações adicionais: Solteira, sem filhos. Mora sozinha. Casa com proteção básica: cerca elétrica apenas na parte da frente, trava nos portões e portas internas. Não possui animais domésticos. Conversa pouco com os vizinhos.

Fefo vivia e respirava como Marcela Dias Duarte há uma semana. Sabia cada passo dado pela mulher, com quem se encontrara, com quem falara, o que comera. Tudo exaustivamente pesquisado para que nada desse errado. A recompensa pelo assassinato era boa, uma das maiores que já havia recebido. Não podia deixar passar a oportunidade, afinal era só mais um trabalho, como muitos outros que já realizara.

Marcela seria mais uma vítima a desaparecer sem deixar rastros. Um crime sem solução, arquivado para sempre na polícia. Não tinha família e possuía poucos amigos. Se fizesse tudo certo, o desaparecimento seria notado apenas na segunda, quando ela não aparecesse para abrir a loja. Tempo suficiente para sumir com o corpo, levá-lo para longe da cidade.

Dentro da casa da vítima, recapitulava os últimos passos. O essencial era não deixar pistas. Como ela morava próxima a um colégio, precisou agir antes das 17h, período em que as vans escolares começavam a chegar. Entrou na casa às 16h, pelo muro do vizinho. Às 16h05 já estava dentro e ninguém havia o visto. Invadiu pela janela da sala, cuja tranca era fácil de ser destravada e não deixava rastros de arrombamento – e que agora estava devidamente trancada, como se ninguém houvesse entrado por ali. Só faltava a chegada de Marcela. Quando abrisse a porta, a imobilizaria e poderia estrangulá-la. Depois era só esperar a rua ficar vazia para sair com o corpo.

Trabalho tranquilo, dinheiro fácil Adquirira a frieza para lidar com os assassinatos nos últimos 15 anos de profissão. Seu nome era um dos mais requisitados no mercado negro quando se falava em assassinos de aluguel. Tinha apenas uma regra: só aceitava um trabalho se não soubesse o porquê da pessoa ser assassinada. Era mais fácil. Assim ele não faria juízo de moral, não corria o risco de simpatizar com as vítimas. Tornava o serviço menos traumatizante.

O homem que o contratara para matar Marcela disse apenas que a queria morta em 20 dias. Podia tanto ser um ex-marido quanto um traficante para quem ela devia dinheiro. Não fazia diferença. A história não era importante. O pagamento é que era.

Mas enquanto estava na casa, não pode deixar de pensar naquela mulher. Durante a semana observara o quanto ela era solitária. Dentro da casa só comprovou isso. Não havia porta-retratos. Sem fotos da mãe, pai, irmãos, tios, amigos, namorados. Ninguém. Todas as vítimas possuíam a imagem de alguém, por mais solitária que fossem. E uma mulher atraente como ela deveria chamar bastante atenção, principalmente dos homens. Ele mesmo havia considerado-a linda na primeira vez que a viu. Não era normal toda aquela frieza em um ambiente.

O que teria acontecido com aquela mulher para viver tão reclusa? Será que perdera os pais enquanto nova e nunca mais conseguiu interagir com as pessoas? Precisou sair de sua casa no interior para trabalhar e se viu sozinha na capital? Teve uma decepção amorosa tão grande que decidiu não se envolver com ninguém? Muitas possibilidades, mas nunca saberia ao certo o que aconteceu. Dentro de pouco tempo ela estaria morta. As histórias não fazem diferença para esse tipo de trabalho.

O relógio marcava 18h quando ele começou a se preparar para o crime. Decidiu esperar no quarto, onde ela sempre ia ao chegar em casa, seja para guardar a bolsa ou para trocar de roupa. Quando entrou no aposento, uma coisa chamou a atenção. Havia um envelope com seu nome no criado-mudo. Esquecendo-se da discrição, correu para o móvel e abriu o invólucro. Lá dentro havia uma folha de ofício simples, com o seguinte título: “Perfil”.

Nome: Eduardo Peixoto, conhecido no ambiente de trabalho como Fefo
Idade: 41 anos
Aparência: Cerca de 1,80 m de altura, pele clara, cabelos loiros e curtos, olhos castanhos. Possui uma cicatriz na altura da orelha esquerda. Sempre é visto com óculos escuros e um boné branco, que ele diz que é para dar sorte.
Profissão: Assassino de aluguel
Domicílio: Não possui residência fixa. Atualmente aluga um apartamento do bairro Sion, em Belo Horizonte.
Horários: Trabalha durante a noite, sempre encurralando a vítima em algum lugar sem testemunhas. Trabalha de fachada como fotógrafo.
Informações adicionais: Nunca deixa pistas dos assassinatos. Sempre varia o método para não o identificarem. É melhor com armas de fogo, mas tem domínio de judô e boxe. Sente cócegas atrás do joelho e no pescoço.

Junto com os dados, havia uma foto sua de corpo inteiro. A julgar pelas roupas e corte de cabelo, fora tirada há cerca de uma semana. Intrigado, se perguntou porque alguém comum teria todas esses dados sobre ele. Foi quando viu Marcela parada na porta do quarto, com uma arma apontada para sua cabeça. Não deu tempo nem de perguntar o que ela faria com a informação de que ele sente cócegas atrás dos joelhos.

Para ler ouvindo: Assassin – John Mayer

Esta crônica faz parte do Music Experience