(Ou porque amo/sou ABC do Amor)

Tirei esse ano para assistir a filmes clássicos que ainda não havia assistido. Como tive uma virose intestinal na última semana e fiquei inutilizado, resolvi colocar meu plano em dia e separei alguns para assistir. Decidi que assistiria a um classicão (Cantando na Chuva) e outro mais recente, mas muito falado (Namorados para sempre, a.k.a. Blue Valentine).

Sim, Cantando na Chuva é um filme incrível, uma visão da mudança do cinema mudo para o cinema falado e um musical e tanto. Minha alma estava feliz quando entrei de cabeça em Blue Valentine. E entrar de cabeça em Blue Valentine é pedir levar uma surra e pedir pra sair. É um impacto emocional grande e não sei como alguém teve a infeliz ideia de lançar ele no dia dos namorados, ainda mais com o infeliz nome de Namorados para sempre.

Enfim, minha cabeça tava pesada e resolvi relaxar e assistir uma comédia romântica bonitinha e leve. Pensei: “Vou assistir ABC do Amor, né… se me sentir mal com um filme em que duas crianças se apaixonam, posso pedir pra morrer”. Bom, não me senti mal, mas nunca imaginei que fosse terminar de assistir e falar que amo/sou ABC do Amor.

E por que isso? Porque o filme é a obra mais encantadora que já vi sobre primeiro amor. E porque o filme é todo contado a partir do ponto de vista do Gabe, um mulequinho de 11 anos que está tendo suas primeiras experiências. E também porque é uma das comédias românticas mais tchucas e sinceras que já vi na vida. Saca só:

“- Rosemary, eu te amo.
– Você o quê?
– Eu te amo. Sinto muito, mas te amo mais do que qualquer coisa que eu já tenha amado. Te amo, te amo, te amo.

Que tal isso, falando em mergulhar inteiro? Então nada… nada… nada.

“- Acha que talvez me ame também?
– Não sei o que pensar, Gabe. Eu só tenho 11 anos. Acho que eu não estou pronta para amar.
– Eu também não estou pronto ainda, mas amo!

Não foi tão fácil. Acho que o amor nunca é.”

Tem horas que pareço muito o Gabe, com uma consciência que fica lhe lembrando o quão estúpido ele é na frente da Rosemary. O amor pode ser uma coisa feia, terrível e reservada apenas para os tolos. Mas, no final de tudo, ficam algumas poucas e incríveis lembranças, que nunca te deixarão.

E, em um ano recheado de filmes clássicos, o que mais me marcou foi uma comédia romântica “bobinha”. Melhor filme que assisti no primeiro semestre e grande candidato ao prêmio no final do ano!